Lendo...

Lendo

Olá corujitos, tudo bem? Espero que sim.
Hoje o post é triste, é para deixar saudades...
Em menos de vinte dias perdemos três integrantes da Academia Brasileira de Letras - ABL, um "rombo" em nossa literatura.

O primeiro a nos deixar esse mês foi Ivan Junqueira, chamado, com inteira justiça, de “o poeta do pensamento”. Carioca, nascido em 3 de novembro de 1934, Ivan Nóbrega Junqueira é também um premiado ensaísta (O encantador de serpentes, 1987; O signo e a sibila, 1993; O Fio de Dédalo, 1998), crítico literário de incomum dignidade humanística e tradutor de T.S.Eliot, Marguerite Yourcenar, Marcel Proust, Dylan Thomas e Charles Baudelaire, de quem verteu para nosso idioma o inigualável poema As Flores do Mal.


Sua extensa obra poética (de Os Mortos, 1964, a Poemas Reunidos, 1999), preocupada com questões políticas e metafísicas, abriu-lhe as portas da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a Cadeira nº 37, patroneada pelo poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, e de que foi Presidente no biênio 2003-05. 


Vamos conhecer um de seus poemas:





Tristeza

Esta noite eu durmo de tristeza.
(O sono que eu tinha morreu ontem
queimado pelo fogo de meu bem.)
O que há em mim é só tristeza,
uma tristeza úmida, que se infiltra
pelas paredes de meu corpo
e depois fica pingando devagar
como lágrima de olho escondido.

 (Ali, no canto apagado da sala,
meu sorriso é apenas um brinquedo
que a mãozinha da criança quebrou.)

E o resto é mesmo tristeza.


(de Os Mortos)

Na sexta-feira, dia 18 de julho, foi a vez de João Ubaldo Ribeiro nos deixar.

Sétimo ocupante da Cadeira nº 34, eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco e recebido em 8 de junho de 1994 pelo Acadêmico Eduardo Portella. Faleceu no dia 18 de julho de 2014, no Rio de Janeiro, aos 73 anos.

Consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, Sargento Getúlio filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa. A história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro e, em particular, dos sergipanos. Esse regionalismo extremamente rico e fiel dificultou a versão do romance para o inglês, obrigando o próprio autor a fazer esse trabalho. A seu respeito pronunciaram-se, nos Estados Unidos e na França, as colunas literárias de todos os grandes jornais e revistas.
Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento, ao jornal francês Libération, sobre o Terceiro Milênio. E Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este romance e Sargento Getúlio constaram da maior parte das listas dos cem melhores romances brasileiros do século.

"Se não entendo tudo, devo ficar contente com o que entendo.
E entendo que vejo estas árvores e que tenho direito a minha língua e que posso olhar nos olhos dos estranhos e dizer: 
não me desculpe por não gostar do que você gosta; 
não me olhe de cima para baixo; não me envergonhe de minha fala;
 não diga que minha fala é melhor do que a sua; 
não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter casado comigo; 
não seja bom comigo, não me faça favor; 
seja homem, filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como, em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça; 
assim poderei matar você melhor, como você me mata há tantos anos."
(Vila Real)

E hoje, dia 23 de julho, quem nos deixa órfãos é Ariano Suassuna.

Ele estava internado desde a noite de segunda (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia na mesma noite após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.

Do primeiro contato com o circo e com peças colegiais, no sertão paraibano, até a diversificada biblioteca que encontrou em uma escola do Recife quando ainda era estudante do ensino fundamental, deixou um legado inegável na literatura, no teatro, nas artes plásticas e na música. Ariano nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no Sertão paraibano. Mudou-se com a família para o Recife em 1942. Mesmo com os problemas na saúde, ele permanecia em plena atividade profissional. "No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra", disse ele, em dezembro de 2013, durante a retomada de suas aulas-espetáculo.

"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."
- Suassuna

Fica um vazio e a sensação de perda. Eles vão deixar saudades e ficam suas obras para nos acalentar!

Beijos 
Priscila Domingues


10 Comentários

  1. Pri é muito triste quando pessoas acabam partindo, independente de quem seja. E como disse, eles vão deixar um buraco e saudade.
    Torço para que estejam melhor e descansando.

    Abraços
    Vivi

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  2. Oi Pri, tudo bom?
    Realmente essa semana tivemos perdas irreparáveis na literatura brasileira. Suassuna foi homenageado esse ano na feira do livro de Brasília e ele veio por aqui. Que eles possam levar seus belos textos para o lugar onde foram. O que nos resta é apreciar suas obras e divulgá-las.
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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  3. Oi Pri!
    Ah, nem fala. Eu já estava abalada por causa do João Ubaldo, aí o Rubem morre, e depois o meu mais querido, Ariano. Cara, como pode um mundo sem Ariano Suassuna?
    Ainda bem que temos os livros deles. que os tornam imortais.
    "Não sei, só sei que foi assim."
    :(

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  4. Oiee ^^
    Não conhecia os autores, com exceção do Ariano, mas quando vi as notícias no facebook fiquei muito triste. :/

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  5. Vou ser bem sincera, já tinha ouvido falar sobre eles, mas nunca li nenhuma de suas obras "/

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  6. olá Pri,
    realmente é muito triste perdermos um grande nome da nossa literatura... quem dirá três! Foram 20 dias sombrios, mas o importante é que eles deixaram uum registro, um legado, um pedaço deles que ficará para sempre na humanidade.
    Super Abraço, Victor Rosa

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  7. Oi Pri,
    eh nem fala como eh triste perder pessoas importantes..ainda mais pessoas de grande nome na literatura brasileira e três noossaa..é uma tamanha perda..
    mas com certeza deixaram histórias que vão fazer lembra-los a cada obra escrita e desenvolvidas por eles..
    um show de arraso esses escritores

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  8. Oi Pri, acho que não conhecia nenhum dos autores, mas são perdas muito tristes. Mas eles deixarão muita história para trás. Beijos

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  9. Poxa,
    Esse mês foi triste isso né!
    :(
    Esse ano tá demais.

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  10. Foi realmente um mês muito triste com tantas perdas. Embora não conheça nenhum dos autores, é muito desagradável ter perdas assim.
    Com certeza eles serão lembrados eternamente por seus fãs.

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